Elaine Tedesco
Guaritas, projeções e observatórios
As Guaritas fazem parte do meu imaginário. Na praia que eu freqüentava, quando criança, existiam várias guaritas de salva-vidas feitas de madeira, eu costumava ficar ali dentro olhando a imensidão do mar. Essa imagem lúdica e poética das guaritas que guardo na memória sofre um movimento de tensão enquanto fotografo as guaritas de vigilância na situação urbana atual. Quando elaborei o primeiro projeto que envolvia a idéia de cabines, as Cabines para Isolamento (1998-2000) passei a fotografar as guaritas apenas como documentos. No início essas fotografias eram referências para os objetos e as instalações que eu criava, interessavam-me as situações absurdas desses objetos/caixas/casas feitos sob medida para proteger os vigilantes, mas onde não lhes é permitido dormir, só anos mais tarde essas referências tornam-se uma série fotográfica.
Iniciei o trabalho com as projeções no espaço urbano em 2002, durante o projeto AREAL, destaco como aspectos significativos dessa série de intervenções urbanas a sobreposição imprecisa entre a imagem projetada e o anteparo escolhido, o que provoca, temporariamente, uma dupla transformação.
Nos Observatórios o que está em primeiro plano é o deslocamento constante entre ser observador e ser observado e os trânsitos entre vigília e vigilância. Nessas instalações existe uma relação indireta entre a construção criada e as imagens projetadas.









